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Mostrando postagens de 2012

De Propósito

O mundo quer que o mundo acabe. O mundo só faz isso: se acaba, ele mesmo. Burro mundo esse que se acaba aos poucos. Burro porque criou um 21 que seria, de todos, o que mais acabava com ele. Mas no fim o mundo desistiu. Ele sabe que o mundo se acaba do dia primeiro ao trigésimo do mês. Então o mundo vai continuar se acabando mesmo quando sobreviver ao dia 21. Porque a razão existencial do mundo é implodir. Mas mundo por mundo ele não se acabaria. Quem acaba com o mundo é o mundo que se move, Esse que anda, fala e diz que pensa. Mas pensa nada. Esse mundo que pensa também tem preguiça. E por ter preguiça ele senta e espera se acabar. E eu, parte mundo, sento e escrevo sobre o mundo acabar. Preguiça? Não, poesia.

Auto Mar

A música dizia uma verdade doída de ouvir. Dessas que sangram os ouvidos, fazem doer os olhos, contraem involuntariamente seus músculos e trazem o mar à tona. Água salgada, que quebra nas pedras. Mas as pedras não se quebram nunca. Mar, me ensina? Me ensina a insistir. Quero entender essa imensidão dentro de mim. Esse breu. Será que em mim só tem vazio? Vazio e medo? Nunca senti tanto medo. Já me levaram pra nadar uma vez, me disseram "confia em mim" e segundos depois eu entrei em pânico. Eu estava sozinha no oceano, fingindo boiar pra não assustar os outros em volta. Nunca mais entrei no mar. Sabe meu medo? Dizer: "vem comigo, confia em mim" E te deixar lá, como eu, em alto mar, cercada de água salgada que nem mata a sede. De te deixar lá, como eu. E a água balançava com tanta força, e subia, e me tirava o ar, me empurrava, me batia, me ardia por dentro, me tirava o ar, me doía, me tirava o ar, sem ar Eu quero pra você a salvação que não me deram,

Alô, sociedade!

Tem dias que você precisa desabafar, mas não é só a melhor amiga que precisa ouvir. Às vezes, quanto mais pessoas ouvirem, menos negligente você vai se sentir. Esse é um desses dias. Peço 5 minutos da sua vida, paciência pra os erros gramaticais e mente aberta pra ler do que discorda. Eu tô tão cansada de mim nesse mundo que tá me dando preguiça de me olhar no espelho todo dia de manhã. Eu vivo tão pra mim que o egoísmo virou um sobrenome. E é como um Silva , que virou representação de brasilidade, e que tá na carteira de identidade de muita gente. Eu, e vocês, estamos pobres de alma, de tanto buscar riqueza de matéria. Burro, o ser humano tá burro. Não é burrice de conhecimento, é de esperteza. A humanidade está covarde! Morre de medo de gente, olha só! Tem medo de tudo o que se move e não pensa igual a você. Tem medo do que é diferente. Sabe por que? Porque IMAGINA QUE ABSURDO se o diferente vira moda, gente.... Imagina se os que pensam diferente de mim viram maioria? Eu ia sofre

Infância - Série Sinas

Não tinha ainda um vocabulário que expressasse tudo o que ele queria dizer, mas já estava ótimo em conjugar verbos. Ainda passava pela cabeça dele ser piloto de avião e ter todos os doces do mundo e uma casa cheia de chocolate e uma casinha da árvore enorme e ter um cachorro chamado Hércules! Mas ele ainda derramava o refrigerante no uniforme quando ia lanchar na escola. Ralava o joelho toda semana. Não comia brócolis porque era verde, não porque o gosto era ruim. Nem sabia que gosto tinha brócolis. Achava que todo mundo era grande, cansava olhar pra cima toda vez que ia falar com um adulto. Tomar banho era um saco, ir dormir também, e acordar cedo também, e ter aula, e ser mandado por todo mundo que é mais velho, e não poder correr no supermercado... Mas o que ele podia fazer? Sua sina era ser criança. Então, ele era.

Revolução - Série Sinas

Tinha menos de vinte anos e não mais ganhava presente de 12 de outubro. Era uma revolucionária! Não concordava com a cor do céu. Um dia pintando uma tela desgostou do azul e despejou um tom de rosa; de repente achou que o mundo seria mais bonito se o céu fosse rosa. Se imaginou no meio de mil gurias, cartazes e pinturas de guerra em rosa, baldes de tinta e gritos por um mundo mais bonito e feminino. Mas estava no sofá assistindo novela e tentando impedir o anti-heroi de atacar o mocinho, com frases imperativas de boas intenções. De boas intenções o inferno está cheio, pensou. Então quis criar uma bandeira anti-inferno. Devia existir só céu e terra! Se imaginou na rua com mil outros gritando "ABAIXO O INFERNO!". Caras pintadas e placas contra o capeta. Mas estava agora com pipoca e sorvete, chorando no edredom com o fim do filme de romance. Sua sina era ser jovem. Então, ela era.

Café - Série Sinas

Desde de manhã tinha suas tradições. Era o primeiro a levantar pra por a mesa do café. Colocava o leite pra esquentar, pegava quatro canecas e dispunha na mesa. Margarina, requeijão, uma faca. Desligava o leite, tampava a panela e ia comprar pão, quando tinha trocado. Chegava, colocava na mesa a sacola, coava o café. Depois de tudo pronto, tirava os pães da sacola e colocava em uma vasilha mais bonita pra dar vontade de comer. Acordava os filhos, pra tomarem banho. Bem cedo. Depois, só depois, ele pegava uma caneca, colocava leite, café, açúcar e mexia. Sentava-se na cadeira que dava visão pra entrada da cozinha. Vinham os filhos e reclamavam do pão. Ele dizia pra não acordarem a mãe. E tentava ser bom pra ela. Dirigia como quem precisava viver. Sua sina era ser pai. Então, ele era.

Jasmim

Vi a flor, tal qual ela não havia e vez ou outra se dizia a mais feia da estação. Há muito tempo não escrevo poesia, mas nunca como nela via uma maior inspiração. A flor que de tão bela se explodia muitas vezes não se via com essa admiração E a mais bela se regava todo dia porque ali ninguém havia que fizesse tal questão. Flor selvagem numa era apareceu e vendo a bela se encheu de um amor quase sem fim. Quis cuidar, tirar a bela de tal breu, onde nada nunca lhe deu atenção de flor jasmim. E se fez cama, em pressa logo lhe aqueceu, e num pulo se esqueceu o quanto a vida era ruim. E num segundo logo a dama percebeu, que o amor dela era eu e que ela era só pra mim.

Menino, me abraça

Ô, menino, vem pra cá e traz seu abraço, que aconchego melhor ainda vivo procurando. Vem cá e me deixa deitar, ser engolida pelo seu peito. Não vê com malícia meu carinho, é só que sinto saudade de caber todinha entre seus braços e seu coração. Aí depois você abre aquele sorriso e fala: pera, mais um pouco. E me abraça mais e o tempo fica gostoso de passar. Mas a gente se fala como se fossemos desconhecidos. Sabe, eu quero te contar da minha vida. Eu quero ouvir das suas mil namoradas, quero te falar da primeira vez que eu me apaixonei, quero ver um filme com você só pra rir da sua gargalhada, quero jogar pipoca em você, essas coisas que quem se gosta faz. Mas às vezes o assunto acaba e eu não sei que piada fazer, porque antes era tão diferente. Antes fluía tão bem seu riso solto, seu carinho, sua atenção. Hoje a gente se esforça tanto pra isso acontecer que nem parece o quanto é real essa vontade que eu tenho de ter seu abraço de volta. Nem que fosse por aqueles eternos 10 segundos.

A nãaaao, mãe!

Às vezes dá vontade de arte, sabe? De sujar a mão daquela tinta que só vai sair semana que vem; de manchar de tinta vermelha a roupa mais nova; de não guardar os lápis depois e fazer papai tropeçar quando ele chega em casa; de ouvir de longe mamãe gritando "MENINA, A PAREDE NÃAAAO!!!"; de inventar histórias compriiiiiiiiiiidas sem começo nem fim, pé nem cabeça; de fazer desenho na terra, de pintar com giz os móveis todos da casa; de comer o tomate desmanchando a carinha que mamãe fez no prato; de ser livre pra fazer bagunça com a desculpa de ser só uma criança. To muito chata hoje em dia, sabe? MEU DEUS, acho que eu to virando uma adulta! Aneeeem, que saco!

Inverno

A última folha seca que caiu da árvore magra não anunciava o fim do outono. Anunciava o caos. A menina meiga tinha as dores desaguadas numa paisagem antiquada beira-rio, onde a cachoeira afogava com força sobrenatural tudo aquilo que mudava o tom de voz da menina de trança dourada. Os óculos sempre lhe caíam à ponta do nariz, dando aos seus oito anos um toque engraçado de oitenta. Mas o toque lhe acompanhava a alma, inteligência de velho que tinha a menina. Um velho espírito, escondido entre as cores dos desenhos de giz de cera, de traços tão precisos, convergentes, coloridos. Sabia que um dia a queda d'água ia perder a força e deixar boiando todas as coisas que acinzentavam seus rabiscos. Cabeça de velho. É velho que sabe dessas coisas. Criança sabe só que a felicidade é pra sempre, que existem por aí cavaleiros valentes, que Papai Noel presenteia os bonzinhos e que estrela cadente traz o que a gente mais quer. É disso que criança entende. Mocinha de 8 anos não devia estar pen

O que muda é o selo

Não há nada novo não, já aviso. Essa é só mais uma das mesmas cartas, falando sobre as mesmas coisas, os mesmos quereres, prum mesmo destinatário. Se tu, meu bem, cansar de ouvir sobre essa mesma paixão, queime as páginas ou carimbe os envelopes pra que me devolvam essas palavras repetidas. Não que eu vá abri-los. Até eu cansei dessa ladainha. É que hoje tive espaço pra (re)pensar nos seus olhos. Que vêm com um sorriso que~ ai, me apaixonei de novo. E é isso todo dia. Hoje não é diferente de ontem. Digo, talvez quanto à esperança cada dia se torna mais um ladrilho na estrada. Um a mais na conta final. Um espaço que soma entre mim e a crença. Parece que hoje não é o dia dos fiéis. Mas aí me lembro do jeito que você me olha quando repito a canção. E, feito palhaço bobo que tira alegria de cão vira-lata, abro um sorriso daqueles de fotografia. Aí suspiro mais uma vez e repito pra mim que um dia vou poder te olhar como quem possui o que tanto lhe custou. E me volta à memória

Redenção

Às vezes imagino como seria pular de um penhasco. Um lugar bem lindo, abaixo de um céu bem azul. Eu correria como se para alcançar a outra ponta, e, no ar, abriria os braços e olharia para o céu, esperando que meu corpo achasse a pedra e emitisse som de vida. E dessa pedra meu corpo pularia para outra, e outra, em velocidade enganosamente poética, e outra, e outra, como carne sendo amaciada. E seria como se de lá de cima se jogasse um saco cheio de alguma coisa, e ele dançasse nas pedras, e fosse empurrado por elas, de uma pros braços da outra, como se fosse negado. Como em brincadeira de batata quente. E pesado o saco deixava vazar qualquer coisa que tinha dentro, e ia ficando sem forma. Mas emitia som de vida, estalo, rasgão, pancada, som de sangue. Assim seria, misturando a paisagem como em tela de Picasso. Azul, verde, marrom, cinza, verde, azul, marrom cinza verde azul cinzavedemarrom. Até que eu não veria mais, mas som. Ainda ouvia o som de ossos e sangue. ainda sentia

À Capela

Somente a batida do seu corpo na parede, do meu corpo no seu, do meu corpo no céu. À capela, minha voz atravessa teu corpo e aparece na tua pele, quente, clara; como se não houvesse fora do quarto. Só haviam quatro paredes, móveis desmaterializados, energia. Sem luz. Ter. Encontrar a paz na tua boca, o desejo nas tuas mãos, a poesia nos teus olhos. O tocar utópico me enlouquece de querer, me enlouquece te querer. Me enlouquece o frio do travesseiro e a falta na minha cama. É ela com quem te traio. A falta me tem e dorme comigo todas as noites. Ela sussurra no meu ouvido, me faz ranger os dentes, ofegar. É ela na minha cama quando o despertador rosna. É ela quem rouba meu sono. Vem tirar ela daqui? Toma seu lugar no meu peito, no meu abraço, no meu lençol. Traz aqui meu sorriso que se perdeu nesses malditos quilômetros que separam o inferno do céu. O poste pela janela é toda luz. À capela, minha voz embala teus beijos e some em sussurro, gemido. Negros, teus cabelos passeiam suaves

Anjo, Let Me Tell You Something

All the violins are playing in my head and I keep staring como seus olhos combinam com o céu. Não brigue comigo, eu sei que os seus olhos são of a green shade that gets close to gray in a cloudy mood of the sky. Sei também how close they get de qualquer cor vibrante quando o quarto não está tão claro or when your lipstick is not a discreet one. Sei mais sobre você do que eu gostaria de saber. Nada pessoal. I am messed up. Deve ser por isso que hoje não consegui escrever em um dialeto só. You messed me up. Not blaming you, só apurando os fatos. Quando é que vou poder parar de esperar? Have you ever heard about falsa esperança? É como se eu quisesse muito que aquele dia chegasse, but in other hand I know, deep in my soul, that maybe I'm waiting something that can never come. Like Santa Claus. I don't even know if I'm really a believer, I don't know if I really have something to put my faith on, não sei nem se esses sentimentos são reais, ou se eles simplesmente existe

Pra ser Mulher

-- Tira essa tinta vermelha da boca, menina! Tá parecendo puta! Mas ela tinha uma admiração quase literária pela Marilyn Monroe. Achava lindo quando ela cantava que diamantes são os melhores amigos das garotas, mesmo nunca tendo visto um. Um dia que quebrou um copo de vidro se pegou analisando os cacos e se perguntando se diamantes se pareciam com aquilo. Então, ela concluiu que sim, mas que não eram triangulares e frágeis, nem sujos de suco de morango. Não podia ser a Marilyn. Gostou depois de Cyndi Lauper. Quis pintar o cabelo de laranja e cortar um lado só. Gostava muito quando ela cantava sobre as cores. Não sei o que sobre as cores. Mas achava lindo sem saber. Aí um dia perguntou pra professora, que tinha viajado pros Estados Unidos, alguma coisa sobre a Cyndi. A professora respondeu que "essa mulher" corrompia a juventude do mundo inteiro quando cantava uma música sobre a libertação sexual feminina. "Que absurdo!". Ser a Cyndi era muito ousado. Ela levou

Esses Seus Amores

Vou escrever uma música pra você e colocar na gaveta. Nela vai estar escrita uma declaração subliminar e seu nome não estará em nenhuma das linhas. Eu vou então esquecer meus segredos pra tentar decifrar os seus, vou tropeçar nas palavras todas, vou amassar as cartas escritas, vou deixar outras em branco. Até esquecer seu nome, seus olhos, seus suspiros, seus delitos. Até desamar voc, os trejeitos, os conceitos, os amores. Esses seus amores que eu tanto invejei.

Esquecer

Ela suspirou um suspiro engasgado; e foi embora. Foi a última coisa que escutei dela. Desviei o olhar e deixei-a ir. Fechou a porta da frente e jogou a chave por debaixo da porta - pra provar que não havia a possibilidade de voltar. Agora todos estavam sozinhos... Como o destino previa. Vi o livro em cima da cama. Corri pra levar a ela, mas ela já tinha ido. Deixou a chave e gotas no piso do apartamento. Salgadas e, pra mim, amargas. O livro ficou agora no sofá, com o meu casaco jogado do lado, que ainda tinha o cheiro dela. Eu não quis mostrar compreensão ou o mínimo de afetividade. Ela tinha que ir. Tinha que crescer. E me deixar crescer. Ela passou pela porta e eu não olhei. Não queria guardar aquela imagem. Ia ficar atormentando o sono, me incomodando os livros, me atordoando as palavras. Pra o tédio não me consumir, saí. Tinha fumaça, flash's verdes, roxos, azuis... Tinham mulheres, tinha um copo. E agora tinha o desenho do meu teto. Tinha alguém do meu lado. Os lençóis.

Máscara

Ei, licença, posso usar essa sua... Isso que tá aí no seu rosto, essa... Como é o nome disso, meu Deus? Ai, faz tanto tempo que eu não uso... LEMBREI. Me empresta essa simpatia aí. Essa, menina, que você não cansa de usar, e que nunca tira da cara, que faz todo mundo crer que seu mundo é perfeito e cheio de borboletas coloridas voando livremente entre campos gramados impecavelmente verdes. Me empresta um pouquinho só, me deixa ver o teu mundo como é. Nós duas sabemos que campos e borboletas não duram mais do que 15 minutos, 20 se tiver sorte. Me conta teus medos. Você não é indestrutível, você não precisa ser a base de todo mundo. Vem, eu te empresto meu ombro em troca. Aliás, pode ficar com ele se quiser. Derrama as lágrimas que tanto ficaram presas durante os anos de uma juventude atípica. Eu te convido agora pra viver comigo o que você quiser. Te dou meus minutos, minhas horas, meus dias. Vem, menina, se deixa ser. Eu posso ler pra ti um bom livro, a gente pode ouvir boa m