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Mostrando postagens de 2013

Poema Vertical - Forró de Perder

Só de pensar no meu amor nos braços de outro forró nas rimas de outra canção... Eu sou de quem sou Eu sou de quem Seu Mas o meu amor não é tão só meu Não tá mais tão meu não é mais pra eu Nem posso pedir Não mais "por favor". Só de pensar no meu amor o meu bem querer em outro sabor em outro calor por entre outras mãos cheirando outro alguém... Parece que sei que sabe que sou de um jeito tão tua que a mãe praguejou, que o galo cantou A ficha caiu. O céu desabou, me fugiu o chão, caí em fadiga, me faltou a voz Parece que Desce Que foi Que padece Carece de tempo Se mexe que é dor. Parece que chuva Imita um trovão Deságua a menina Enfim aceitou. Se acalma menina pare de chover aceita essa ideia louca de não ter. Eu sei que é difícil mas logo esse leite que derrama dô vai ser tudo em vão Que logo o amor vai achar outro peito e deitar bem direito e se esquecer de tu Acorda menina sacode essa água esconde a tristeza

Cantiga do Desencanto

O meu encanto não te encanta mais Nem o meu canto, ele só desfaz O todo apreço que eu tentei criar Que é de prosa e eu não soube dar Parece que criou um desapego Desses que cria um buraco no chão E não há ponte que desmanche agora Esse vazio do desencantar Errei bem tanto que me calejou Me deu feiura que num vi passar Agora vejo que o meu tropeço De todo dia adia em acabar Num adianta que eu queira tentar Se tudo esbarra e sempre faz chorar Não sei mais se dá pra viver sem dor Ou se é de praxe e vou me acostumar

Desvaziar

Meus destalentos me pegam de tropeço por vezes. Não vou negar que tenha lá minhas habilidades. Sei fazer uma janta, tirar um barulhinho do violão, até essas coisas artesanais não são tanto um bicho de sete cabeças, mas dançar... Tenho uns tantos desafetos. Verdade que afetos tenho muitos, e eles estão espalhados por esse país nada pequeno. Deles eu faço pequenos lares, e cada afeto carrega um pedacinho do que sou eu (e às vezes me pergunto se sobrou eu pra mim), mas outras pessoas me fazem entortar o nariz, confesso. São umas ideologias tortas, são algumas vidas vazias, em muitos uma síndrome de zumbi (que até me mordeu, bitch!) e uns orgulhos dos grandes. Em mim existem dessabores, daqueles de fazer careta. Mas sempre tem aquele doce suave que com o cítrico faz um céu na boca de fofura. Só são mesmo dessabores mesmo quando mistura doce com sal, ou é muito qualquer coisa. Quando azeda, arde o nariz, pinica, coça, corrói. Quando palpita, repete, insiste, cutuca. Quando passa bem d

Voz(es) das Gentes

Eu me segurei o quanto pude pra escrever esse aqui. Eu tentei me controlar, juro. Esse aqui vai ser político, então se você esperava poesia por poesia, aviso logo que a poesia desse vai estar no final. Eu estava com sincera saudade de ver gente na rua, cartazes e gritos. Tava com saudade da mídia tentado acobertar, da manipulação das fotos, da polícia lutando pra conter o "vandalismo" e fazendo de tudo pra proteger a todo custo a autoridade que o Estado lhe deu. Não vou entrar em méritos de legitimidade, mas eu quero bater palmas, de pé, pra juventude. A minha saudade não é dessas de verdade não, porque eu não me lembro de já ter visto tanta gente de carne e osso na rua por um propósito só. É a saudade da memória que os livros de história põe na sua cabeça, sabe? Pois é. Dessas. Se eu pudesse dava um abraço em cada um que foi às ruas dar a cara a tapa, que se deixou ser chamado de vândalo, de vagabundo, daria mesmo! Dois. Um por ter feito o que fez e outro por  tr

Sem Amor

O terceiro dia de um mês bonito saiu por detrás das montanhas com uma cara pálida de quem não sabe amanhecer. Acordou enxugando com as mangas do moletom a tristeza que escorria raivosamente pela cara amassada, pensando que agora passaria a tal dor desgraçada. Mas ela o acompanhou discretamente por alguns diálogos, afazeres, por algumas horas até. Não sendo forte o bastante ela deixou que a dor a vencesse. Fechou a porta do quarto, sentou na cama e desabou a chorar, de soluços altos, de caretas feias de se chorar, de solidão, de nó, de susto, de saudade, de perda, de tristeza triste, mas tão triste, que lhe roubou a fome. Pensou que mundo ogro seria sem amor. Quis que um bicho lhe mordesse e arrancasse logo o coração, numa dentada só, se isso acontecesse. Não dava pra viver sem amor. Viveria sem teto, sem comida, sem lugar, sem ser, mas sem amor... Ela não saberia. O choro foi embora antes de um minuto, mas a fome não voltou não. A tristeza triste ainda tava lá, o nó, a solidão, a

Lua Clara Luna Menina

A lua dá na minha janela. Isso já tem toda a poesia que eu poderia escrever em dezenas de linhas sem falar coisa alguma. Ela, clara, olha em volta e tudo o que ela vê é breu. Menina lua, me olha pra ver: Meus olhos brilham, Te devolvem a paz que me dás. Não são claros como os teus, Nem são de iluminar caminho, Mas eles nos teus Me tiram o ar Me tiram do ar Me tiram, doar Me doo, me tiro de mim. Essa lua na janela, lua menina Tem escrita em escuro Meu amor por ela Luna, clara. Lua, Clara, Luna, menina Minha noite negra só tem não ter. Clara luna, me ilumina Rogo com fé de quem já viu a paz Já tocou na paz Já beijou a paz Já deitou e rolou dentro do abraço Do espaço Pequeno entre o infinito e o agora De quem já conheceu o fim do cansaço De tanta água salgada em cachoeira De tanto amor apertado De tanto vazio entre o peito e o braço. Lua de iluminar mundo Vem trazer clareza ao meu. Vem me devolver o abraço Da paz Do fim do cansaço O beijo O infin

Desvirtude

Eu sempre peço mais desculpas do que as necessárias. Não é excesso de humildade, acho que é excesso de culpa. Não da que eu tenho, da que eu acho que mereço. Parece complicado, mas na verdade é tão simples quanto 2+2=4 (é assim, mas há quem duvide). Eu cuido de uma flor. Ela é um presente que eu ganhei, e de todos ela é o mais importante. É uma flor, viva. Ela precisa ser cuidada. Mas quem me deu, mesmo sabendo que eu sou a pessoa mais desastrada desse mundo, insistiu pra que eu cuidasse dela, teimoso que só Ele. Mas esse é quem sabe das coisas, então vou cuidar... Acontece que, enquanto caminho com ela, a apertando contra o peito pra protegê-la do vento, da poeira, dos olhares insípidos, dos raios UV, nem percebo no caminho os atropelos e tropeço, machucando a flor de tanto descuido que me é de batismo. Tudo o que eu queria era saber cuidar-lhe, bela, porque pra mim não há outro presente que se me dera o qual fosse tão amado. Mas de tantos tropeços, desatenções, descuidos, d

Declaração Subliminar

De todos os hipócritas, eu sou a maior. Não porque sou mais hipócrita, mas porque conheço as minhas hipocrisias. Poderia citá-las aqui em uma lista, mas não farei isso pra não ser julgada: primeira confissão. Eu poderia, e sim, seria muito fácil, esquecer das minhas convicções e me tornar uma só com a fachada que apresento às pessoas. Mas a fachada não sou eu. E o meu eu não pode ser fachada. Meu eu é contraditório, surpreendente (e clichê), aventureiro, monótono, tedioso, péssimo em matemática e anti-capitalista. Meu eu é medroso também. Tanto que ninguém sabe quem sou eu. Quem sabe, nem dessa dimensão é. Meu eu é a favor do amor, acima de tudo e de todos. Meu eu quer amar e ser amado, sem fachada, e sem hipocrisias. Mas eu sou hipócrita. E cínica. Meu eu não olha a quem. Meu eu é infantil e idiota. Bobalhão, atrapalhado, incoerente. Meu eu gosta de literatura e poesia. Meu eu faz músicas sem rima e zilhares de declarações que nunca sequer saíram da minha cabeça. Meu eu

New Day

I wish I could drown. No, it's not about dying. I wish I could be underwater, thinking about dying. Maybe even get there, in the death, experiencing the darkness of nothing, the "no tears, no pain" life for a few seconds, then get back to live. Breathe in the air of a not-dead-anymore person, just for living in this paradise called "not being me" for some short time. The pleasure of having a second chance. I'd like to drown and be under my biggest fear, wanting it to consume me and make me understand that it's stronger than me, and it can and will control me, and it will have my life in its arms, giving me no other option but giving up. I'd like to live something concrete. Somenthig harder than me. Something that shakes me up. Something that makes me wonder why did I ever had choices to make, if we're all going under the same strength that will make our bodys like dancers in a concert, doing premeditated and repetitive movements, going agains

Novo Dia

Eu queria me afogar. Não, isso não é sobre morrer. Eu queria poder ficar em baixo d'água, pensando em morrer. Talvez até chegar lá, na morte, experimentando a escuridão do nada, a vida "sem dor nem lágrimas" por alguns segundos, e então voltar a viver. Inspirar os ares de alguém não mais morto, só pra viver esse paraíso chamado "não ser eu" por algum tempo, ainda que curto. Pelo prazer de ter uma segunda chance. Eu gostaria de ficar submersa no meu maior medo, querendo ele me consumir e me fazer entender que ele é mais forte, e que ele pode e vai me controlar, que ele terá minha vida em seus braços, não me dando outra opção senão desistir. Eu queria viver algo concreto. Alguma coisa mais firme que eu. Algo que me sacuda. Algo que faça com que eu me pergunte porque, alguma fez na vida, eu tive que fazer escolhas, se todos nós vamos parar imersos na mesma força que fará os nossos corpos serem como dançarinos em um concerto, fazendo movimentos premeditados e re

Abraço

Não abrace a lágrima com tanta força. Uma hora ela vai sair, e é melhor que ela saia sem rancor contra os olhos que a abrigaram por tanto tempo. Que ela saia livre, amando esses mesmos olhos E contando pras próximas lágrimas que a liberdade existe, E que o abraço dos olhos é o medo de perder. Deixa ela ir embora, como quem ama e quer o bem. Deixa sair e correr pelo rosto cansado, que lágrima é água salgada igual de mar: Tem beleza (a de te tornar humano) e tem força (de criar torrente). Não abrace a lágrima com tanta força. Se deixe amar a ponto de libertar, E ser amado a ponto de fazer querer voltar.

Feliz dia da Luta

Por um tempo pensei: Má que diaxo comemorar internacionalmente por uma pessoa ter nascido com uma vagina e peitos! Não faz sentido algum isso! PORQUE A GENTE NEM ESCOLHE! Como é que faria sentido eu receber parabéns, eu nem fiz nada?! Mas aí eu me lembro de onde veio isso. E eu quero lembrar vocês também. Meus parabéns vão para aquelas que conseguiram visibilidade por queimarem sutiãs, só pra dizer: estamos aqui, e sim, conseguimos enxergar a injustiça que vocês fazem com a gente. Parabéns por vocês serem do mesmo sexo daquelas que foram trocadas como mercadorias depois da noite de núpcias, por não terem sangrado depois do sexo com seus maridos arranjados, e foram devolvidas a seus pais como impuras. Parabéns por serem de mesmo sexo que aquelas que foram queimadas na fogueira por não frequentarem a igreja, que foram julgadas como bruxas por qualquer que fosse o critério, e humilhadas em praça pública por não serem aquilo que a Igreja prega. Minhas parabenizações são pra vocês,

Pré-luto

Nunca pensei que fosse acontecer. Na minha cabeça poderia ser diferente. Mas na minha cabeça eu podia ser entendida. O problema é que quem mora na minha cabeça sou eu. Por mais que eu ame ou seja amada, a cabeça é minha, a história de vida é minha, o vocabulário é meu. E tem coisas que não dá pra traduzir. O que posso dizer agora é que amei. Fui feliz. Sorri pras paredes, sonhei com uma vida que não envolvia solidão, gritei que estava apaixonada. E me fez bem. Eu queria poder lembrar das coisas assim, mas não é isso que vai acontecer. A única coisa na minha memória será o cinza e a imagem de um quarto escuro e frio. Cheio de papel e caneta. porque a caneta é minha língua e o papel é o ouvido de alguém que eu sempre terei. O único "alguém" que vem com um "sempre". Eu queria me lembrar da madrugada em que passei sorrindo por amor. Em que vi o dia nascer, criando a imagem dos meus sonhos bem na frente dos meus olhos. Eu choro pela falta que ainda não veio.

Convite à Arte

Quero fazer uma experimentação, se me permitem. É uma experimentação literária, Se permitam. A música será o plano de fundo. Coloquem fones. Não aumentem muito o volume. Leiam pausadamente, sem pressa. Sintam. Há imperativos entre parênteses. São pra vocês. Nesse momento, peço que copiem o link e colem no navegador, e se certifiquem de que a música irá começar. http://www.youtube.com/watch?v=QRUEWW48dhg Feito? Vamos ao texto: Viajava dentro da mente porque não haveria de ser diferente. O dia não iria acabar de um jeito melhor do que os anteriores, ou os futuros. O corpo pesava e arrastava as dores de uma vida fácil, mas sofrida de um jeito quase verdadeiro.Pensou em como as horas passavam de um jeito inconveniente. Em como era áspero seu jeito de viver a vida, sem nada que a fizesse não pensar no quão maçante era o ato de viver. (Suspire) Cada suspiro trazia consigo a densidade de dois segundos de vida, que passavam como em câmera lenta. E quanto via, eram minutos. Min

Sobre viver

Na estrada eu vi a alma de um povo Que do barro fez um lar Que da terra tira sustento Que da terra tira mar O sol de tarde em domingo Deu pra ninguém o descanso Ao contrário, fez cair na terrra A fadiga do trabalhador manso Que de tantos dias se esqueceu do mar Que a alegria esqueceu de ver Que da vida ele tirou a graça Amar não soube por tanto trabalhar A vontade que sabia era só a de viver E até essa descobriu que passa

O Pior Adeus

Tchau, felicidade. Foi bom te conhecer, mas eu não tenho peito pra te ter. Sou um poço de covardia, desses que se lhe disserem pra não ser mais um poço, ele deixa de ser. Adeus, felicidade. Vou sentir falta de acordar feliz todas as manhãs, de ter sorrisos espontâneos e sinceros no meio do mar de tristeza. Vai, felicidade. Me deixa viver a pobreza que me é de sina. Me deixa a melancolia que me estava escrita desde nascida. Felicidade, me perdoa. Me desculpa por ser tão pequena pra você. Me desculpa por fazer o contrário do que eu acredito. Me desculpa a mediocridade e a hipocrisia pelas quais faço opção. Felicidade, não me visite nunca mais. Não quero ter lembrança do que perco ao optar pela estupidez. Não quero saber como eu podia ter sido completa com você. Completa não, transbordante. Me perdoa, felicidade. Por favor, me perdoa. Me perdoa. Me perdoa. Pelo menos você, porque eu nunca irei me perdoar. Me perdoa. Me perdoa. Me perdoa. Por favor, me perdoa. Por favo

Inércia

As coisas ficaram embaçadas, o coração batia pesado, com um barulho abafado pelo peito, e batia como se fosse em uma doença terminal, e batia sem esperança nem vontade de viver. A testa franziu, os olhos ficaram tristes de repente, o corpo pendia à posição fetal, querendo proteção. Porque soou tão ríspido? Parecia esfolar tudo em volta, no caminho dos tímpanos pro coração. Não tinha o que abraçar. Seus braços estavam vazios. Mas eles estavam vazios antes, é que agora não havia mais o querer de abraçar. Digo, o querer não parou, mas as palavras não abraçavam mais. Agora era só querer. Desses que se joga pro vento e o vento leva, sem eco. O que tinha era um vasto silêncio, e tudo ficou molhado, saiu dos olhos. O coração agora parecia oco. Dava pra se ouvir o barulho do vento lutando entre as paredes. Imóvel. Não conseguia reagir. Suspirou um fôlego comum e tentou consertar o buraco no peito. Está esperando.