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Quereres.


Vou escrever até meus dedos racharem de dor.
Quero parar de existir... só viver, daqui em diante.
Quero parar de pensar, só agir. Seja instinto, seja impulso, seja doença.
Quero me revolver em todos os lençóis disponíveis e me encasular, por bem, por mal.
Quero que me vejam, mesmo estando eu não-aqui.
Quero que me ensinem sem esforço, não quero mais apanhar de mim.
Nem quero também ser capturada como fugitiva, já que outros bichos correm tanto quanto eu. E quem os deveria pegar se preocupa demais com um único serzinho pequeno o suficiente pra ser tropeçado sem ao menos sentirem, só porque este já tem coleira.
Quero ser pega chorando ao menos uma vez sem que se importem com as razões.
Quero alguém que não me pergunte porquês.
Quero quem não me jogue fora quando não me quiser mais. Que se sinta preso a mim, pra um dia descobrir de novo o que foi que me prendeu a ele.
Quero ter desde sempre pessoas que me escutem como tenho agora.
Quero apagar o que fiz. O que não fiz, não fiz porque não era hora. Não me arrependo.
O que fizer será única e exclusivamente para o meu bem, e que o meu bem seja a compressão em uma palavra do meu e do nosso, todo.
Quero que morram todos os que me invejam sem amor, ao menos que entendam que cada um é um: seus dons, valores, amores.
Quero que me escutem quando eu estiver no mais profundo silêncio, por mais chato e irritante que esse seja, mas que vejam música nas pautas em branco.
Que não me corrijam quando for de propósito. Que não me insinuem o que eles não quiseram entender.
Que me esqueçam até mesmo quando eu quiser ser vista. Que não me digam o que não fazer, porque não farei o que me disserem: faça.
Que passem por cima de mim só os que não conseguirem desviar. Sem pressa.
Que olhem para o céu e pensem em qualquer coisa que não seja santidade; não que não haja, mas justifico dizendo: você não vai alcaçar a linha de chegada olhando para a linha de partida o tempo todo.

Quero que me julguem de olhos fechados.

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