Não tinha ainda um vocabulário que expressasse tudo o que ele queria dizer, mas já estava ótimo em conjugar verbos. Ainda passava pela cabeça dele ser piloto de avião e ter todos os doces do mundo e uma casa cheia de chocolate e uma casinha da árvore enorme e ter um cachorro chamado Hércules! Mas ele ainda derramava o refrigerante no uniforme quando ia lanchar na escola. Ralava o joelho toda semana. Não comia brócolis porque era verde, não porque o gosto era ruim. Nem sabia que gosto tinha brócolis. Achava que todo mundo era grande, cansava olhar pra cima toda vez que ia falar com um adulto. Tomar banho era um saco, ir dormir também, e acordar cedo também, e ter aula, e ser mandado por todo mundo que é mais velho, e não poder correr no supermercado... Mas o que ele podia fazer?
Sua sina era ser criança.
Então, ele era.
Sua sina era ser criança.
Então, ele era.
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