E, em 2045, num museu:
Esta é uma foto tirada de um programa de TV, uma novela, há aproximadamente 30 anos atrás. Vocês, crianças, já devem ter aprendido isso nas aulas de história, mas esta aqui é a razão da silenciosa terceira guerra mundial, que começou no Brasil e foi estabelecida em um site de relacionamentos, que seus pais devem conhecer, chamado Facebook. De um lado os conservadores, lutando em favor da família e seus valores morais, do outro, jovens com mentes revolucionárias que acreditavam na igualdade de direitos entre todo e qualquer ser humano, o que podemos chamar de ética.
Os conservadores, embebidos de um carácter incorruptível, imaculados e vivendo suas vidas em busca da perfeição sobre-humana, diziam que uma cena assim não poderia ser exibida em programações abertas da televisão, já que seria absurdamente influenciável às crianças, como vocês, corrompendo suas mentes puras para um ato de tal barbárie, que hoje entendemos como uma demonstração de afeto simples entre um casal apaixonado.
Esse discurso nos lembra outro, há aproximadamente 80 anos atrás, quando pessoas como os nossos colegas Lucas, Nicolau, Vanessa, André, Carla, Joana e Paulo aí, do lado de vocês, não poderiam circular conosco simplesmente pela cor de sua pele. Eles não poderiam comer nos mesmos lugares que nós e eram pedidos para se retirar quando ousavam tal feito. Eles eram violentados nas ruas, torturados e mortos por algo tão superficial e comum. Essas atitudes eram movidas por ódio há 80 anos atrás. E há 30 anos, exatamente como há 80, as pessoas que corroboravam com essa violência física (mas principalmente moral e emocional) não admitiriam que isso era fruto de ódio. Diziam apenas que era contra a natureza humana, tanto a convivência entre brancos e negros quanto o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
Eu sei que é difícil acreditar, crianças, mas isso acontecia!
Do outro lado da discussão, pessoas comuns, que erram todos os dias e que convivem com isso de maneira saudável, admitindo serem humanos, gritavam nas ruas para que todos fossem vistos com os mesmos olhos. Eles levantavam bandeiras pela ética e pelo respeito, pelo entendimento geral de que os humanos são essencialmente iguais e dignos dos mesmos direitos. Muitos deles eram não-fisicamente agredidos por seus próprios parentes em suas próprias casas, todos os dias, por pensarem que o mundo seria mais justo através da ideologia da igualdade. Pensar diferente, pequenos jovens, sempre foi uma luta exaustiva, mas nunca deixou de ser um direito de cada um. Esses homens e mulheres, essa fatia da humanidade, não pedia que a fé do lado conservador fosse banida da face da Terra. Eles e elas pediam para que a fé, que não é deles, parasse de interferir no que, sim, é deles e delas: os direitos individuais da expressão pública de afeto.
Na época existiam leis contra o preconceito, mas os criminosos eram raramente punidos de forma justa porque muitas vezes os oficiais da lei concordavam com a atitude do agressor e não eram capazes de enxergar os homens, mulheres, gays, lésbicas, transexuais e transgêneros de maneira igual.
Para encerrar esse momento, crianças, eu quero que se lembrem: o mundo é extremamente injusto, e a cada fase da "evolução" humana somos capazes de enxergar um bando animal opressor, que surge de dentro da própria humanidade, se expressando superior ao restante da raça. Eles dissimulam a injustiça utilizando argumentos vagos que dependem da crença e do momento histórico de quem ouve. Mas é direito seu discordar e não ser julgado um ser humano pior por isso, por ninguém. Acredite no que quiser, mas não se deixe ser oprimido por acreditar. Se você não concorda com certa atitude, não o faça, mas não tire o direito de nenhum ser humano de o fazer, seja ele homem ou mulher, heterossexual, gay, lésbica, transexual ou transgênero. Isso é a ética, e é algo no qual a crença de ninguém deve interferir.
Esta é uma foto tirada de um programa de TV, uma novela, há aproximadamente 30 anos atrás. Vocês, crianças, já devem ter aprendido isso nas aulas de história, mas esta aqui é a razão da silenciosa terceira guerra mundial, que começou no Brasil e foi estabelecida em um site de relacionamentos, que seus pais devem conhecer, chamado Facebook. De um lado os conservadores, lutando em favor da família e seus valores morais, do outro, jovens com mentes revolucionárias que acreditavam na igualdade de direitos entre todo e qualquer ser humano, o que podemos chamar de ética.
Os conservadores, embebidos de um carácter incorruptível, imaculados e vivendo suas vidas em busca da perfeição sobre-humana, diziam que uma cena assim não poderia ser exibida em programações abertas da televisão, já que seria absurdamente influenciável às crianças, como vocês, corrompendo suas mentes puras para um ato de tal barbárie, que hoje entendemos como uma demonstração de afeto simples entre um casal apaixonado.
Esse discurso nos lembra outro, há aproximadamente 80 anos atrás, quando pessoas como os nossos colegas Lucas, Nicolau, Vanessa, André, Carla, Joana e Paulo aí, do lado de vocês, não poderiam circular conosco simplesmente pela cor de sua pele. Eles não poderiam comer nos mesmos lugares que nós e eram pedidos para se retirar quando ousavam tal feito. Eles eram violentados nas ruas, torturados e mortos por algo tão superficial e comum. Essas atitudes eram movidas por ódio há 80 anos atrás. E há 30 anos, exatamente como há 80, as pessoas que corroboravam com essa violência física (mas principalmente moral e emocional) não admitiriam que isso era fruto de ódio. Diziam apenas que era contra a natureza humana, tanto a convivência entre brancos e negros quanto o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
Eu sei que é difícil acreditar, crianças, mas isso acontecia!
Do outro lado da discussão, pessoas comuns, que erram todos os dias e que convivem com isso de maneira saudável, admitindo serem humanos, gritavam nas ruas para que todos fossem vistos com os mesmos olhos. Eles levantavam bandeiras pela ética e pelo respeito, pelo entendimento geral de que os humanos são essencialmente iguais e dignos dos mesmos direitos. Muitos deles eram não-fisicamente agredidos por seus próprios parentes em suas próprias casas, todos os dias, por pensarem que o mundo seria mais justo através da ideologia da igualdade. Pensar diferente, pequenos jovens, sempre foi uma luta exaustiva, mas nunca deixou de ser um direito de cada um. Esses homens e mulheres, essa fatia da humanidade, não pedia que a fé do lado conservador fosse banida da face da Terra. Eles e elas pediam para que a fé, que não é deles, parasse de interferir no que, sim, é deles e delas: os direitos individuais da expressão pública de afeto.
Na época existiam leis contra o preconceito, mas os criminosos eram raramente punidos de forma justa porque muitas vezes os oficiais da lei concordavam com a atitude do agressor e não eram capazes de enxergar os homens, mulheres, gays, lésbicas, transexuais e transgêneros de maneira igual.
Para encerrar esse momento, crianças, eu quero que se lembrem: o mundo é extremamente injusto, e a cada fase da "evolução" humana somos capazes de enxergar um bando animal opressor, que surge de dentro da própria humanidade, se expressando superior ao restante da raça. Eles dissimulam a injustiça utilizando argumentos vagos que dependem da crença e do momento histórico de quem ouve. Mas é direito seu discordar e não ser julgado um ser humano pior por isso, por ninguém. Acredite no que quiser, mas não se deixe ser oprimido por acreditar. Se você não concorda com certa atitude, não o faça, mas não tire o direito de nenhum ser humano de o fazer, seja ele homem ou mulher, heterossexual, gay, lésbica, transexual ou transgênero. Isso é a ética, e é algo no qual a crença de ninguém deve interferir.
Espero, mesmo, que em 2045 ainda exista História. Por que Ética eu duvido muito...
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