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Inércia


As coisas ficaram embaçadas,
o coração batia pesado, com um barulho abafado pelo peito,
e batia como se fosse em uma doença terminal,
e batia sem esperança nem vontade de viver.
A testa franziu, os olhos ficaram tristes de repente,
o corpo pendia à posição fetal, querendo proteção.

Porque soou tão ríspido? Parecia esfolar tudo em volta,
no caminho dos tímpanos pro coração.
Não tinha o que abraçar. Seus braços estavam vazios.
Mas eles estavam vazios antes, é que agora não havia mais o querer de abraçar.
Digo, o querer não parou, mas as palavras não abraçavam mais.
Agora era só querer. Desses que se joga pro vento e o vento leva,
sem eco.

O que tinha era um vasto silêncio,
e tudo ficou molhado,
saiu dos olhos.

O coração agora parecia oco. Dava pra se ouvir o barulho do vento lutando entre as paredes.
Imóvel. Não conseguia reagir.

Suspirou um fôlego comum e tentou consertar o buraco no peito.
Está esperando.

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