Pular para o conteúdo principal
Eu sempre pensei que quando eu não soubesse como chamar aquilo que eu sentia, eu poderia automaticamente chamar de amor; porque se ninguém até hoje nunca soube descrever, então eu nunca conseguiria identificar. Mas isso mudou de uns tempos pra cá, quando precisei tirar essa teoria do papel.

Não vai mudar nada na sua vida se eu vier aqui e ficar escrevendo o texto da última novela de Gilberto Braga (nem da primeira, já que seria tudo a mesma coisa). Porque pra mim é clichê. Tentar descrever o amor é clichê. Não conseguir descrever o amor é clichê. Escrever sobre não conseguir descrever o amor é clichê. Aliás, relacionado ao amor, a única coisa que não é clichê é ele mesmo. Ou ele até é, só que pra gente sempre parece novidade. Porque o amor, na verdade, não é nada. O amor é o seu botão interno de auto-destruição. Ele é a falta de sentimento, é o tédio, é a cabeça vazia. Ele é um bug. Tudo o que você não quer pra si, pode chamar de amor também. No final vai tudo pro mesmo lugar do seu inconsciente.

Então qual a lógica de eu estar aqui citando ele, a maldição da humanidade?

Eu sinto.
Doutor, esse é o meu problema. Eu sinto. Eu não consigo parar, é alheio a mim. Parece que tem um troço, tipo um vírus no sistema de computador. Sabe aquele que faz aparecer coisas na tela que você não quer que apareça?

Confesso que me acho idiota por ser um ser humano, pensar, ser chamada de racional e ainda ter a capacidade de ser controlada por um vírus michuruca.

Mas é que eu, como todo e qualquer adolescente, tenho a fase: Eu vou esquecer! Eu tenho que esquecer!

Vai nada, trouxa!

Eu estou presa ao vírus. O que é o mais avançado deles. O vírus que é o único no mundo mais avançado do que a AIDS, porque essa eles sabem descrever. O vírus que não tem, nem terá cura. O vírus sobre o qual todo mundo começa a escrever mas nunca consegue terminar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vermelha com Bolinhas

Esperava a hora certa de fazer esse post. Afinal, o que dá nome ao blog é uma música, bem como Capitu. Também composta por mim, mas não devo tirar os créditos de Thaís Alencar, que também compôs a música;. A ideia surgiu quando levei uma joaninha para a Thaís. A pobre coitada não tinha bolinhas e era meio laranjada, o que fez com que a Thaís não acreditasse que o bicho era de fato uma joaninha. Foi aí que então eu disse a ela a frase que guia a música: "Nem toda joaninha é vermelha com bolinhas", na tentativa de convencê-la. Mas "isso dá uma música". Ela andava pela cidade Maquiagem, salto alto e rosa choque Armada com um cartão de créditos Pronta pra acabar com os estoques Luzes piscantes e coloridas Álcool, dança e suor Breve rotina de uma patricinha Que acredita que a vida é isso e só REFRÃO: Nem toda joaninha é vermelha com bolinhas. As aparências enganam, minha avó já dizia. Por mais que isso fosse normal, seus pais a condenariam. Bem ou mal q...

Pra ser Mulher

-- Tira essa tinta vermelha da boca, menina! Tá parecendo puta! Mas ela tinha uma admiração quase literária pela Marilyn Monroe. Achava lindo quando ela cantava que diamantes são os melhores amigos das garotas, mesmo nunca tendo visto um. Um dia que quebrou um copo de vidro se pegou analisando os cacos e se perguntando se diamantes se pareciam com aquilo. Então, ela concluiu que sim, mas que não eram triangulares e frágeis, nem sujos de suco de morango. Não podia ser a Marilyn. Gostou depois de Cyndi Lauper. Quis pintar o cabelo de laranja e cortar um lado só. Gostava muito quando ela cantava sobre as cores. Não sei o que sobre as cores. Mas achava lindo sem saber. Aí um dia perguntou pra professora, que tinha viajado pros Estados Unidos, alguma coisa sobre a Cyndi. A professora respondeu que "essa mulher" corrompia a juventude do mundo inteiro quando cantava uma música sobre a libertação sexual feminina. "Que absurdo!". Ser a Cyndi era muito ousado. Ela levou...

Repouso da Alma

Quero que nos olhemos nos olhos e que sua alma tome banho na minha, como quem toma banho de cachoeira, mergulha e não tira a água do cabelo, mas deixa ela se escorrer pela pele com afeto. Quero sentir nossos suspiros brandos com a cabeça encostada no peito uma da outra quando o dia pesar nas pálpebras. Quero pintar nosso quarto de diferentes cores 36 vezes, e mudar os móveis de lugar outras 42. Quero podar nossas plantas e às vezes não, deixá-as crescer naturalmente, sem aperreio, com seus verdes e borboletas. Quero receber seu aconchego ao chegar à porta, com mochila nas costas e pés cansados, sorrindo amor. Quero me apaixonar por você dia sim outro também.