Tinha menos de vinte anos e não mais ganhava presente de 12 de outubro. Era uma revolucionária! Não concordava com a cor do céu. Um dia pintando uma tela desgostou do azul e despejou um tom de rosa; de repente achou que o mundo seria mais bonito se o céu fosse rosa. Se imaginou no meio de mil gurias, cartazes e pinturas de guerra em rosa, baldes de tinta e gritos por um mundo mais bonito e feminino. Mas estava no sofá assistindo novela e tentando impedir o anti-heroi de atacar o mocinho, com frases imperativas de boas intenções. De boas intenções o inferno está cheio, pensou. Então quis criar uma bandeira anti-inferno. Devia existir só céu e terra! Se imaginou na rua com mil outros gritando "ABAIXO O INFERNO!". Caras pintadas e placas contra o capeta. Mas estava agora com pipoca e sorvete, chorando no edredom com o fim do filme de romance. Sua sina era ser jovem. Então, ela era.