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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Você

Meu coração vai correr quando te ver. A festa vai parar, a música ficar em slow motion e eu vou fazer cara de boba e sorrir depois. Os rostos suados das pessoas nem ligarão, mas uma alma vai dizer "eu já sabia". E eu vou ficar sem graça pelo resto da noite, sem saber sequer como me mover, imaginando que você irá interpretar cada ação, cada reação. Mas você me conforta com seus lábios se desprendendo e cortando a face, como se usasse uma lâmina de plumas coloridas. E o meu riso encontra seus olhos, que encontram meus cabelos, que encontram suas mãos, que encontram meus lábios que tocam os se- Acordo.

E agora, desamar?

                Ela nem sabia por que todo mundo chamava assim. Era uma palavra engraçada e curta: amor. Que com um sotaque interiorano ficava ainda mais divertida de ouvir. Mas saber o que é? Também não. Era coisa pra gente grande. Até que um dia nem quis mais descobrir. E não quis mesmo.                 Coração de gelo. Amava com outros nomes, amava sem nome, amava desconhecendo, amava de olhos fechados. Mas nunca era amor. Que amor de verdade ou tem final feliz ou alguém morre - como em filme de drama. Nem nunca seria.                 Até o dia que conheceu alguém louco pra amar. E quis amar. E quiseram se amar. E não podiam. Trairiam. Pra não trair, não se amaram. E viveram os dois sem nunca saber o que é o tal amor.

Adeus - Série Ironias

Ironia é a gaita soar para alguém que já não pode mais ouvir. O dia ainda não tinha mostrado seu sol; o que raiava agora era a melancolia de uma noite em claro; Nos ouvidos, a melodia triste de uma música escoteira de despedida que a gaita chorava. As noites nunca mais seriam as mesmas.                   Perdoe-me se a carta parece molhada. É que meus olhos ardem com a ideia de uma última imagem. Desculpa também se me demoro. Meus braços estão cansados de ir ao rosto enxugar a chuva incansável que lava a alma. Que caiu na noite certa. Chuva que, pra mim, era o choro dos anjos chorando no rosto errado. Esse era o meu.                 Eu não queria dizer adeus e por isso inventei que aquele abraço não seria o último. Dizem que o primeiro passo pra uma mentira se tornar fato é a fé do contador. E eu quis acreditar. E acreditei por aqueles que não tiveram um último abraço.                 Ele não se rendeu aos feitiços sedutores do sono, porque ele foi seduzido antes pelos enca

Condolência - Série Ironias

Ela caminhava olhando para a flor – quase roubada se o canteiro não fosse domínio público, que flor ganhada não haveria de ser. Amada ela não era, apesar de amar muitos. Ainda que amasse muitos, a flor destinatário também não tinha. Flor que foi arrancada com certa frieza e indiferença, como se fosse pra ser dissecada. E lembrou que fora chamada de fria um dia desses. Riu-se pra dentro. Olhou blasé para o nada e abaixou a mão e a flor. Descia as escadas com a mesma indiferença de dissecar flores. Parecia ser tão comum.   A indiferença, ela, o dia, a flor, comuns como Silvas . Por um minuto não pensou nada. Depois pensou que nunca aprendera balé ou jazz. Lembrou que preferia ficar em casa lendo. E lia sobre psicologia desde os nove, quando a mãe deixava os ensaios sobre Freud na mesa de centro. Foi assim que conheceu o mundo.                 Vagaram os olhos novamente pela flor. Amarela. Lembrou da mãe. Amarelo era a cor favorita dela. Mas há muito também não lembrava da mãe. Pens