A última folha seca que caiu da árvore magra não anunciava o fim do outono. Anunciava o caos. A menina meiga tinha as dores desaguadas numa paisagem antiquada beira-rio, onde a cachoeira afogava com força sobrenatural tudo aquilo que mudava o tom de voz da menina de trança dourada. Os óculos sempre lhe caíam à ponta do nariz, dando aos seus oito anos um toque engraçado de oitenta. Mas o toque lhe acompanhava a alma, inteligência de velho que tinha a menina. Um velho espírito, escondido entre as cores dos desenhos de giz de cera, de traços tão precisos, convergentes, coloridos. Sabia que um dia a queda d'água ia perder a força e deixar boiando todas as coisas que acinzentavam seus rabiscos. Cabeça de velho. É velho que sabe dessas coisas. Criança sabe só que a felicidade é pra sempre, que existem por aí cavaleiros valentes, que Papai Noel presenteia os bonzinhos e que estrela cadente traz o que a gente mais quer. É disso que criança entende. Mocinha de 8 anos não devia estar pen...