Às vezes imagino como seria pular de um penhasco. Um lugar bem lindo, abaixo de um céu bem azul. Eu correria como se para alcançar a outra ponta, e, no ar, abriria os braços e olharia para o céu, esperando que meu corpo achasse a pedra e emitisse som de vida. E dessa pedra meu corpo pularia para outra, e outra, em velocidade enganosamente poética, e outra, e outra, como carne sendo amaciada. E seria como se de lá de cima se jogasse um saco cheio de alguma coisa, e ele dançasse nas pedras, e fosse empurrado por elas, de uma pros braços da outra, como se fosse negado. Como em brincadeira de batata quente. E pesado o saco deixava vazar qualquer coisa que tinha dentro, e ia ficando sem forma. Mas emitia som de vida, estalo, rasgão, pancada, som de sangue. Assim seria, misturando a paisagem como em tela de Picasso. Azul, verde, marrom, cinza, verde, azul, marrom cinza verde azul cinzavedemarrom. Até que eu não veria mais, mas som. Ainda ouvia o som de ossos e sangue. ainda sentia ...